quarta-feira, 30 de abril de 2014

A fórmula do insucesso


Quando se acaba a época com apenas 1 título conquistado e esse título é a Supertaça logo no começa da época, no 3º lugar do campeonato, a jogar mal, a perder vantagens de 2 golos, a perder contra 10... é obra.

Vítor Pereira não fez um trabalho maravilhoso, mas deixou uma equipa como herança. Passados poucos meses, essa equipa foi destruída. Difícil de construir, fácil de destruir.

Foi bastante fácil na verdade, o segredo do insucesso não tem nada de transcendente.

1. Terceiro ano consecutivo com erros ao nível da construção e gestão do plantel
2. Terceiro ano consecutivo a ir meramente remendar o plantel no mercado de Inverno
3. Mau treinador
4. Má escolha do timing de despedimento do treinador, adiou-se quando o ambiente já era insustentável e a equipa estava desfeita com o campeonato perdido
5. Jogadores sem alma, sem raça. Sem nada.

E foi fundamentalmente com estes sábios passos que o Porto conseguiu fazer uma das piores épocas da era Pinto da Costa.

O plantel não é o melhor possível. O downgrade nas alas é por demais evidente (foi com Varela, Kelvin, Ricardo, Licá e Izmaylov que iniciámos a época), mas quando ainda na época do VP esse défice nas alas (e não só nas alas) era evidente, estava o Porto a anunciar a contratação de mais um central por 9 milhões (valor que acho que está com as comissões incluídas) para a próxima época. Uma excelente definição de prioridades...

Ironia das ironias, com uma defesa composta por jogadores de milhões este Porto andou a época toda a falhar na defesa, com incontáveis erros colectivos e individuais.

Ironia das ironias, com tanta aposta em jogadores defensivos nas últimas épocas, laterais suplentes nem vê-los (integrar Fucile e achar que não ia dar merda foi apenas ingenuidade).

Com défice de qualidade e de soluções em determinadas posições, também não se fez nada para tentar dar a volta a isso. É o que acontece quando se tem uma equipa B apenas «para inglês ver».

Mas se o plantel tem lacunas, também é verdade que não é assim tão mau. Aqui entra o mau trabalho do treinador que já foi dissecado ao longo da época por todos e não vale a pena referir mais, e pior que o mau trabalho do treinador foi a passividade/teimosia de Pinto da Costa, que o despediu demasiado tarde.

No entanto, não é apenas por culpa da SAD e do treinador que o plantel parece pior do que é e que a época foi a desgraça que foi. Os jogadores não são meras vítimas, mas sim culpados. Nestes últimos jogos a culpa foi 99% deles, para não dizer que foi totalmente deles. Foi angustiante vê-los a jogar contra 10 contra o maior rival sem alma, sem esforço, sem vontade, sem crer... não houve nada. Fizeram a mesma graça duas vezes (já nem estou a contar com o jogo em Sevilha) e neste último jogo o adversário até tinha o chip virado para a Liga Europa, mas nem assim e a jogar em casa conseguiram fazer algo. Por mais de rastos psicologicamente que tivessem, foi imperdoável. Imperdoável não se dignarem a pensar no clube e nos adeptos. E enquanto estes jogadores andaram a penar, o Porto tinha ao dispor uma equipa B com jogadores a merecerem oportunidades e que têm o ADN Porto (ainda no passado jogo a perder por 3-0 em casa do Sporting B não baixaram os braços e conseguiram empatar 3-3), mas pelos vistos não mereceram oportunidades, pois os graúdos fizeram um belíssimo trabalho.

Na próxima época, caso o objectivo seja alcançar o sucesso, vai ser mais difícil, mas...

«Às vezes é preciso batermos no fundo para nos levantarmos, e as equipas e os Homens vêem-se na capacidade que têm de se levantar nos momentos em que caem.»

1 comentário:

  1. Às vezes fico com a sensação de que o trabalho que o Vítor Pereira desenvolveu foi tão mal visto e subvalorizado que ninguém tenta/tentou aproveitar nada. Que o Paulo Fonseca ignorou completamente um sistema que era seguríssimo na defesa e que mantinha os adversários encolhidos foi óbvio, mas não pude também deixar de reparar que a vantagem psicológica construída sobre o Benfica se perdeu. Essa vantagem foi construída não só com vitórias mas também com o discurso do "não vos temos medo, o vosso jogo é bater bolas para o ataque, não jogais nada!" que o Vítor Pereira fazia questão de relembrar a cada jogo com eles. Depois durante o mesmo arriscava, tirava defesas para meter avançados, o que fosse preciso para chegar ao golo, mesmo que um golo deles significasse a conquista do campeonato em pleno Dragão. Ele peno menos sabia o que significava o "Somos Porto" e, acima de tudo, sentia-o.

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